Translation

Thursday, 21 August 2014

Grupo Revelacao - Initiation into Brazil’s Samba music



By Lolade Adewuyi
The rhythm and soul of Brazil’s Samba music originates from African musical forms that have evolved over many centuries of contact with aboriginal and European instruments. Despite the years of distance occasioned by the Trans-Atlantic Slave Trade, much of Samba music still carries some obvious reference to Africa and African traditions. I discovered the music of the impressive Grupo Revelacao while in Brasilia in June. A live performance of their hit track “Ta Escrito” from the Ao Vivo No Morro DVD was played on television.

The melody of the song captured my attention and I quickly made some research. Having been unable to watch much except football on TV due to language constraints, it was indeed interesting that one of the few times I watched the music channel I was able to find something that would make such huge impression on me.

The next day I visited the mall to buy the Revelacao DVD in order to have “Ta Escrito” for keeps. I joyfully paid for the copy that was handed over to me only to find out later that the song I wanted wasn’t on it but on the first volume. But the store didn’t have it. So I was stuck with Ao Vivo No Morro Vol 2. I’m glad that I kept it as it has changed my life and my family’s.

Via Grupo Revelacao’s music, I was able to take away a veritable part of Brazil back home with me. Forget the t-shirts and other souvenirs that tourists buy, the best way to preserve memory of a visit is to buy literature or music of a culture. Unfortunately, I couldn’t get translated copies of important Brazilian literary voices. However, Grupo Revelacao has been able to keep me in touch with the culture. In the absence of “Ta Escrito”, my wife and I have discovered songs like “Prazer do meu amor”, “Pai”, “Sou bamba, sou do samba” and the enigmatic “Meu Lugar”.

“Meu Lugar” (in English means ‘My Place’) was written by musician Arlindo Cruz and it romanticizes the Madureira neighbourhood of Rio where an important samba movement is entrenched via the Portela and Imperio Serrano schools. It has become our family favourite.

It is a classic example of the reference to African symbols and traditions. The song opens thus:

O meu lugar (My place
E caminho de Ogum e Iansa (It’s the way of Ogum and Iansa
La tem samba ate de manha (There we have samba up until morning
Uma ginga em cada andar (A swing on every step)

O meu lugar (My place
E cercado de luta e sour (Is surrounded by fight and sweat
Esperanca num mundo melhor (With hope of a better world
E cerveja pra comemorar (And beer to celebrate)

O meu lugar (My place
Tem seus mitos e seres de luz (Has its myths and light beings
E bem perto de Osvaldo Cruz (It’s very close to Osvaldo Cruz
Cascadura, Vaz Lobo e Iraja (Cascadura, Vaz Lobo and iraja)

O meu lugar (My place
E sorriso, e paz e prazer (Is smile, it’s peace and pleasure
O seu nome e doce dizer (Its name is sweet to say
Madureira! (Madureira!)



In the first two quatrains, one encounters the Yoruba deities Ogun (Ogum) and Oya (Iansa) as mythical custodians of the physical Madureira which the ballad extols. The Yoruba pantheon of gods were taken to Brazil as part of the slave trade and unlike in the United States where most of the legacies of the old continent were eliminated by the slave holders, the Africans were able to disguise their cultures under various guises like the Candomble religion as well as Samba in order to preserve their beliefs.

While this entry is not so much about the intricacies of the past, my intention is to show that Samba music carries a lot of African influence still.

While I am also just learning more and more everyday about the close ties that Afro- Brazilians still share with Africa, I will attempt to delve deeper into these using the music which I discovered during my trip in future posts.

Feel free to share your thoughts with us.


Por Lolade Adewuyi
O ritmo e a alma do samba são originários de formas musicais africanas que evoluíram ao longo de séculos de contato com instrumentos musicais aborígenes e europeus.

Apesar da distância ocasionada pelo tráfico de escravos através do atlântico, muito do samba ainda carrega referências claras à África e às tradições africanas.

Descobri a música do impressionante Grupo Revelação durante minha estada em Brasília, em junho. Uma apresentação ao vivo da faixa “Tá Escrito”, do DVD Ao Vivo no Morro, estava passando na TV.

A melodia me chamou a atenção e rapidamente fui procurar mais sobre a música. Sem conseguir assistir muita coisa diferente de futebol na televisão devido à dificuldade com o idioma, foi interessante o fato de que, em uma das poucas vezes que assisti um canal de música, consegui encontrar algo que me impressionasse tanto.

No dia seguinte, fui a uma loja comprar o DVD do Revelação pra ter a música como recordação. Paguei com gosto pelo DVD que me foi oferecido, mas depois descobri que a música que eu buscava não estava naquele disco. Procurei pelo volume dois, mas estava esgotado na loja.

Então, só me restou ouvir o Ao Vivo No Morro Vol 2. Estou satisfeito pela compra, pois ela mudou a minha vida e de minha família.

Através da música do Revelação, pude levar comigo uma parte autêntica do Brasil de volta pra casa. Esqueça as camisetas e outras lembranças que os turistas compram, a melhor forma de se preservar a memória de uma viagem é levar consigo um pouco de literatura ou música da cultura local.

Infelizmente, não encontrei cópias traduzidas dos livros de grandes autores brasileiros.

No entanto, o Revelação possibilitou-me manter o contato com a cultura do país. Na falta da música “Tá Escrito”, minha esposa e eu descobrimos músicas como “Prazer do meu amor”, “Pai”, “Sou bamba, sou do samba” e a enigmática “Meu Lugar”.

“Meu Lugar” foi escrita pelo músico Arlindo Cruz. A canção romantiza o bairro Madureira, no Rio de Janeiro, que abriga duas grandes escolas de samba, Portela e Império Serrano. Essa se tornou a música preferida da minha família.

Esta música é um clássico exemplo de referência a símbolos e tradições africanos. Eis a letra:

O meu lugar
É caminho de Ogum e Iansã
Lá tem samba até de manhã
Uma ginga em cada andar

O meu lugar
É cercado de luta e sour
Esperança num mundo melhor
E cerveja pra comemorar

O meu lugar
Tem seus mitos e seres de luz
É bem perto de Osvaldo Cruz
Cascadura, Vaz Lobo e Irajá

O meu lugar
É sorriso, é paz e prazer
O seu nome é doce dizer
Madureira!

Nas primeiras frases, são mencionadas as entidades yorubá Ogun (Ogum) e Oya (Iansã) como guardiões míticos do bairro Madureira descrito na música.

O panteão dos deuses yorubá foi trazido ao Brasil com o tráfico negreiro e, diferente do ocorrido nos Estados Unidos, onde a maior parte do legado do continente africano foi eliminada pelos senhores, os africanos conseguiram disfarçar suas religiões sob crenças, como o candomblé, e manifestações culturais como o samba.

Apesar deste post não ser exatamente sobre heranças históricas, meu objetivo aqui é mostrar que o samba ainda carrega muito da influência Africana.

Enquanto ainda estou aprendendo um pouco a cada dia sobre laços que afro-brasileiros ainda compartilham com a África, tentarei me aprofundar mais neste tópico por meio das músicas que descobri durante minha viagem em posts futuros.

Sinta-se à vontade para compartilhar seus comentários conosco.

Wednesday, 30 July 2014

Translation available

Hey "lusophone" readers! The Portuguese translation for all posts will be available from now on. I'll be doing my best to release them simultaneously with the English version, so more people can enjoy the blog content and contribute. That's a way to reach Brazilians and people from those countries in Africa that also speak Portuguese.

To access the blog content in Portuguese, just click the Brazilian flag right below the blog title. In case you want to switch back to English, click the USA flag.

Enjoy!
Olá leitores lusófonos! Disponibilizaremos a tradução em português de todos os posts daqui em diante. Farei o possível para publicá-las junto com os textos em inglês, assim mais pessoas poderão aproveitar o conteúdo do blog e contribuir com seus comentários. Com isso, pretendemos chegar até as pessoas tanto no Brasil quanto em países africanos que falam o português.

Para acessar o conteúdo traduzido, basta clicar na bandeira do Brasil logo abaixo do título do blog. Se preferir ler o texto em inglês, clique na bandeira dos Estados Unidos.

Bom proveito!

Wednesday, 16 July 2014

Learning About my Roots

I just witnessed a World Cup in my country, Brazil. It was a huge party, different from every-year Carnival or New Year's eve: there was this whole soccer atmosphere and a feeling that could make Brazilians sing the National Anthem in a manner not seen even in the Independence Day. A sense of deep patriotism that lasted for 90 minutes, or that was shown whenever a foreigner made a comment about how the referee was helping Brazil on the previous match. Foreigners... our beloved "gringos", one of the most interesting contributions this World Cup could bring to Brazil.

They were everywhere. It's hard to find someone in the largest cities here who hasn't met a foreign supporter or hasn't heard a story about some interesting fact that happened to a visitor. I was lucky enough to have two national teams, Portugal and Nigeria, training in the city I live in, Campinas/SP. And even luckier to meet Lolade, a journalist that came to Brazil at work to publish news about Nigeria national team and ended up learning so much about my country that I was the one to learn about it from him.

We had hours of chatting about History, African influences, music, slavery, racism, food, santeria, cultural habits, society, every single subject that could be familiar to both Brazil and Nigeria. I had learned about so many things that came from Africa it made me eager to searching for more. Then Lolade came with the idea of this blog, which for me was the perfect opportunity to pursue this knowledge and share a bit of my culture and experiences.

One of the things that impressed me the most is how some usual things in Brazil still keep the African root. We eat food they have brought, we have lots of people who practice their religion, we have words from their vocabulary, we drum and dance like they do. Of course, a few centuries have passed and the influence of several other countries cultures might have changed things a bit, but they are still strong enough for African people feel that Brazil is not that distant after all.

In future posts I intend to explore these cultural similarities and show how they affect Brazil nowadays, as well as some curiosities regarding Brazil-Africa relations.

Welcome! I hope you enjoy your reading :) Feel free to contribute by commenting our posts and sharing your ideas.
Acabei de presenciar uma Copa do Mundo em meu país, Brasil. Foi uma festa enorme, mas nada comparado com o carnaval ou Ano Novo: estávamos todos tão envolvidos com o futebol a ponto de cantar o Hino Nacional com um fervor que não se vê nem na comemoração da Independência do Brasil. Havia um sentimento forte de patriotismo presente por 90 minutos, ou a cada vez que um um estrangeiro vinha reclamar do apito amigo do juiz favorecendo nossa seleção. Estrangeiros... nossos queridos "gringos", talvez uma das contribuições mais interessantes que esta copa poderia nos trazer.

Eles estavam por toda parte. É difícil encontrar alguém nas grandes cidades que não tenha conhecido um torcedor estrangeiro ou que não teha ouvido uma história engraçada que aconteceu com um deles. Eu tive a sorte de morar numa cidade, Campinas/SP, que abrigou duas seleções, Portugal e Nigéria. Tive mais sorte ainda de conhecer o Lolade, um jornalista que veio ao Brasil trabalhar na copa escrevendo sobre a seleção da Nigéria e que aprendeu tanto sobre o nosso país que no fim fui eu quem aprendi com ele.

Conversamos por horas sobre história, influências africanas, música, escravidão, racismo, comida, paganismo, cultura, sociedade e mais tantos outros tópicos comuns entre Brasil e Nigéria. Descobri sobre tantas oriundas da África em nossa cultura que fiquei curiosa para conhecer mais sobre essa herança. Quando Lolade veio com a ideia do blog, vi a oportunidade perfeita para ir atrás deste conhecimento e compartilhar um pouco da minha cultura e de situações que vivi.

Uma das coisas que mais me impressionou foi o fato de muitas coisas corriqueiras no Brasil terem raízes africanas. Nós comemos comidas que eles trouxeram, temos muitos praticantes de religiões com origem na África, temos palavras oriundas do vocabulário deles, sabemos batucar e dançar como eles. Claro que, depois de alguns séculos de colonização e de sofrermos a influência das culturas de diversos outros países, podemos ter abrasileirado um poucoa cultura deles, mas as raízes ainda são fortes o suficiente para que africanos percebam que o Brasil não está assim tão longe deles.

Em posts futuros pretendo explorar essas semelhanças entre culturas e mostrar como elas influenciam o Brasil atualmente. Gostaria também de escrever algumas curiosidades sobre relações entre os países.

Bem-vindo! Espero que aproveite a leitura :) Fique à vontade para contribuir com comentários e ideias.

Saturday, 12 July 2014

Discovering Brazil’s African Heritage



From left: Sergio Max and the staff of the Afro-Brazilian Memory Centre, Campinas

It was my first time in Brazil this summer. Part of a million crowd that invaded the country during the World Cup, it my job as a journalist that took me to South America’s largest country.

Most of my work was to report the Nigerian national team, the Super Eagles, who are the reigning African champions. The remainder of my job was to have a good experience, travel round the country and open my eyes to observe how different things are done.

Having read about the country and known that it was home to the largest Black African population outside of Africa, it was my hope to meet lots of Black people.

I was also aware that much of Brazilian music and culture was influenced by Africans who had come to the land as slaves many hundred years ago. These people who came from mainly West, Central and Southern Africa had given Brazil so much of their sweat and rhythm which is still present in the carnival and music today.

Brazil gave a bit back to Africa after some of the former slaves made their return home during abolition. Their influence can be seen in the architecture and lifestyle of places like the Lagos Island in Nigeria’s commercial capital.

I stayed most of my three weeks in the country in Campinas, a city 100km from Sao Paulo. It was where the Super Eagles stayed during their campaign.

Campinas is a bustling metropolis with a large economy and an airport that connected many other major cities of Brazil. I flew out of the Viracopos Airport many times to cover the Super Eagles’ matches in Curitiba, Cuiaba, Porto Alegre and Brasilia.

In my trips, I looked around the airports and flights without seeing so many Afro-Brazilians. It led to questions in my mind, where are the Blacks of Brazil?

We see them in the national team, the Selecao, we see them in the big carnivals on TV, they are the face of Brazilian integration but they are not really visible in the airports among the middle class in a country known for its big internal tourists.

I also didn't see any Black Brazilian journalists in the media centres at the four stadia that I visited. Neither did I meet any working for the big media houses Globo, SporTV, Band and Folha do Sao Paulo.

I only saw one Black woman on the cover of a major magazine, and she was ensconced in the arm of a white man who I suppose was her husband.

An article in the UK Guardian also questioned why there were not many Black people in the stadiums during matches.

However, I met some interesting Black people in Campinas. At the Afro-Brazilian Memory Centre where an exhibition about Candomble, a religion that has its roots in many African cultures with familiar names like Ogum, Xango, Ijexa, etc, I met Sergio Max Almeida Prado and his team who were very willing to share their thoughts on emancipation and quota systems for Blacks to rise up the economic ladder in Brazil.

Even though our conversation was hampered by language, we got the help of lawyer Milena, a white lady, who translated back and forth.
Babalawo Adegboyega Omo Odoagba
I met a Nigerian, Adegboyega Omo Odoagba, a babalawo and culture advocate who runs the Adimula Cultural Foundation, a Yoruba art, performance and dissemination think-tank and has lived in the country for almost 20 years.

“If you go to Bahia, it’s like being in Africa. People speak Yoruba, they dress like Yorubas. They are curious about our culture and want to know more,” he told me. Unfortunately, I wasn’t able to visit Bahia.


Da esquerda para a direita: Sergio Max e a equipe do Centro Campineiro de Memória Afrobrasileira

On my last day in Brazil, I had the most interesting experience in a shoe shop downtown Campinas. As I made to leave the store, I walked past a Black salesman in his late 40s who gently gave me a tap on the shoulder. It was an acknowledgement of being African, being Black.


Perhaps the best part of the trip was meeting computer engineer Camila Fausto da Motta Santos, whose English was very good she became my virtual guide. Always available over Whatsapp to answer questions and give tips on where to visit and what to do in each new city, she also tried to answer my questions on what it means to be Black in Brazil.

We found some similarities in our Africanness and it was nice to get her to start taking a closer look at the old continent as not just a far off place. She was also eager to learn about the craze for Brazilian hair among Nigerian women, something that sounded strange to her.

Together we decided to start this blog to encourage conversations between Africa and Brazil. We may be divided by thousands of miles of ocean, but we can begin to talk to each other via the internet.

We invite thoughts and opinions from every African who has had an encounter with Brazil and Brazilians who have encountered Africans.

This is a way for us to learn more about each other, long after the frenzy of the World Cup has ebbed.

Bem vindo!
Neste verão fui ao Brasil pela primeira vez. Fui um dentre os milhões que invadiram o país durante a Copa do Mundo. Meu trabalho como jornalista foi o que me levou até maior país da América do Sul.

A maior parte do meu trabalho era noticiar a seleção da Nigéria, as Superáguias, atual campeã africana. Além disso, eu pretendia ter experiências novas, viajar pelo país e abrir minha mente para observar o que de diferente eu poderia encontrar ali.

Tendo lido sobre o país e sabendo que é onde se encontra a maior população negra fora da África, esperei encontrar diversos negros durante a viagem.

Eu estava cietne também de que muito da cultura e da música brasileira foram influenciadas pelos africanos que chegaram ao Brasil como escravos séculos atrás. Estes escravos, em sua maioria oriundos da África Ocidental, Central e Meridional, trouxeram consigo muito de seu suingue, presente, por exemplo, no Carnaval e na música até a atualidade.

A cultura brasileira chegou até a África quando alguns dos antigos escravos retornaram para suas terras-natais após a abolição da escravatura. Sua influência pode ser notada na arquitetura e estilo de vida de lugares como a Ilha de Lagos, localizada na capital comercial da Nigéria.

Fiquei a maior de minhas três semanas de estadia numa cidade do interior, Campinas, localizada a 100km de São Paulo. Esta foi a cidade que as Superáguias utilizaram como base durante sua campanha na Copa do Mundo.

Campinas é uma cidade muito ativa, com uma economia sólida e um aeroporto que conecta muitas das principais cidades do Brasil. Eu viajei diversas vezes para cobrir os jogos da seleção da Nigéria, partindo do aeroporto de Viracopos e tendo como destinos Curitiba, Cuiabá, Porto Alegre e Brasília.

Em minhas viagens, quase não encontrei negros em aeroportos nem nos voos, o que me deixou curioso: onde estavam os negros do Brasil?

Nós os vemos na seleção brasileira, nas transmissões do Carnaval, eles são a cara da miscigenação no país mas não estão presentes em aeroportos, em meio à classe média num país conhecido por sua origem diversificada.

Também não vi muitos brasileiros negros jornalistas nos centros de imprensa dos estádios que visitei. Tampouco conheci algum que estivesse trabalhando nos maiores canais de mídia: Globo, SporTV, Band e Folha de São Paulo.

Eu vi uma única mulher negra na capa de uma revista famosa, de braço dado com um homem, branco, que suponho que seja seu cônjuge.

Um artigo no "The Guardian", do Reino Unido, também questiona a ausência de negros nos estádios nas partidas da Copa do Mundo.

No entanto, conheci negros marcantes em Campinas. No Centro Campineiro de Memória Afrobrasileira, vi uma exposição sobre o Candomblé, uma religião com raízes em diversas culturas africanas que tinha nomes familiares como Ogum, Xangô Ijexá, dentre outros. Lá, conheci Sergio Max Almeida Prado e sua equipe, muito solícitos em dividir suas ideias sobre emancipação e sistemas de cotas raciais para redução da desigualdade no Brasil.

Apesar de o idioma trazer algum empecilho, tivemos a colaboração da advogada Milena, que nos ajudou muito ao traduzir toda a conversa.
Babalaô Adegboyega Omo Odoagba
Conheci um nigeriano, Adegboyega Omo Odoagba, babalaô e defensor da cultura africana. Ele vive no Brasil há quase 20 anos e administra a "Adimula Cultural Foundation", uma fundação voltada para preservação e disseminação da arte Yorubá.

“Ir para a Bahia é como estar na África. As pessoas se vestem como Yorubás e falam Yorubá. Elas sempre perguntam sobre nossa cultura e têm curiosidade em conhecer mais", segundo Adegboyega. Infelizmente, não pude visitar o estado da Bahia.

Em meu último dia no Brasil, tive a mais interessante das experiências numa loja de sapatos em Campinas. Quando eu estava saindo da loja, passei por um vendedor negro de meia idade que gentilmente me deu um tapinha no ombro. Foi como um reconhecimento da nossa mesma origem africana, da nossa negritude.


Talvez a melhor parte da viagem tenha sido conhecer a engenheira de computação Camila Fausto da Motta Santos, cujo inglês era muito bom, e que acabou se tornando minha guia virtual. Sempre disponível por Whatsapp para responder dúvidas e dar dicas sobre lugares para se conhecer e o que fazer em cada cidade para onde eu viajava, ela também tentou responder minhas perguntas sobre o que significa ser negro no Brasil.

Encontramos algumas semelhanças em nossa Africanidade, e foi bom fazê-la olhar mais de perto para o nosso velho continente não só como um lugar distante. Ela também mostrou grande interesse em entender sobre a febre do uso do cabelo brasileiro pelas mulheres nigerianas, algo que inicialmente pareceu-lhe estranho.

Juntos, decidimos começar este blog para estimular discussões entre África e Brasil. Podemos estar separados por milhares de quilômetros de oceano, mas a internet é um instrumento perfeito para encurtar esta distância.

Convidamos todos os africanos com experiências relacionadas ao Brasil e brasileiros que conehceram africanos a colaborar com seus pensamentos e opiniões.

Esta é uma forma que temos para conhecer-nos melhor, ainda mais agora que a loucura da Copa do Mundo já terminou.

Bem vindo!