Translation

Saturday 12 July 2014

Discovering Brazil’s African Heritage



From left: Sergio Max and the staff of the Afro-Brazilian Memory Centre, Campinas

It was my first time in Brazil this summer. Part of a million crowd that invaded the country during the World Cup, it my job as a journalist that took me to South America’s largest country.

Most of my work was to report the Nigerian national team, the Super Eagles, who are the reigning African champions. The remainder of my job was to have a good experience, travel round the country and open my eyes to observe how different things are done.

Having read about the country and known that it was home to the largest Black African population outside of Africa, it was my hope to meet lots of Black people.

I was also aware that much of Brazilian music and culture was influenced by Africans who had come to the land as slaves many hundred years ago. These people who came from mainly West, Central and Southern Africa had given Brazil so much of their sweat and rhythm which is still present in the carnival and music today.

Brazil gave a bit back to Africa after some of the former slaves made their return home during abolition. Their influence can be seen in the architecture and lifestyle of places like the Lagos Island in Nigeria’s commercial capital.

I stayed most of my three weeks in the country in Campinas, a city 100km from Sao Paulo. It was where the Super Eagles stayed during their campaign.

Campinas is a bustling metropolis with a large economy and an airport that connected many other major cities of Brazil. I flew out of the Viracopos Airport many times to cover the Super Eagles’ matches in Curitiba, Cuiaba, Porto Alegre and Brasilia.

In my trips, I looked around the airports and flights without seeing so many Afro-Brazilians. It led to questions in my mind, where are the Blacks of Brazil?

We see them in the national team, the Selecao, we see them in the big carnivals on TV, they are the face of Brazilian integration but they are not really visible in the airports among the middle class in a country known for its big internal tourists.

I also didn't see any Black Brazilian journalists in the media centres at the four stadia that I visited. Neither did I meet any working for the big media houses Globo, SporTV, Band and Folha do Sao Paulo.

I only saw one Black woman on the cover of a major magazine, and she was ensconced in the arm of a white man who I suppose was her husband.

An article in the UK Guardian also questioned why there were not many Black people in the stadiums during matches.

However, I met some interesting Black people in Campinas. At the Afro-Brazilian Memory Centre where an exhibition about Candomble, a religion that has its roots in many African cultures with familiar names like Ogum, Xango, Ijexa, etc, I met Sergio Max Almeida Prado and his team who were very willing to share their thoughts on emancipation and quota systems for Blacks to rise up the economic ladder in Brazil.

Even though our conversation was hampered by language, we got the help of lawyer Milena, a white lady, who translated back and forth.
Babalawo Adegboyega Omo Odoagba
I met a Nigerian, Adegboyega Omo Odoagba, a babalawo and culture advocate who runs the Adimula Cultural Foundation, a Yoruba art, performance and dissemination think-tank and has lived in the country for almost 20 years.

“If you go to Bahia, it’s like being in Africa. People speak Yoruba, they dress like Yorubas. They are curious about our culture and want to know more,” he told me. Unfortunately, I wasn’t able to visit Bahia.


Da esquerda para a direita: Sergio Max e a equipe do Centro Campineiro de Memória Afrobrasileira

On my last day in Brazil, I had the most interesting experience in a shoe shop downtown Campinas. As I made to leave the store, I walked past a Black salesman in his late 40s who gently gave me a tap on the shoulder. It was an acknowledgement of being African, being Black.


Perhaps the best part of the trip was meeting computer engineer Camila Fausto da Motta Santos, whose English was very good she became my virtual guide. Always available over Whatsapp to answer questions and give tips on where to visit and what to do in each new city, she also tried to answer my questions on what it means to be Black in Brazil.

We found some similarities in our Africanness and it was nice to get her to start taking a closer look at the old continent as not just a far off place. She was also eager to learn about the craze for Brazilian hair among Nigerian women, something that sounded strange to her.

Together we decided to start this blog to encourage conversations between Africa and Brazil. We may be divided by thousands of miles of ocean, but we can begin to talk to each other via the internet.

We invite thoughts and opinions from every African who has had an encounter with Brazil and Brazilians who have encountered Africans.

This is a way for us to learn more about each other, long after the frenzy of the World Cup has ebbed.

Bem vindo!
Neste verão fui ao Brasil pela primeira vez. Fui um dentre os milhões que invadiram o país durante a Copa do Mundo. Meu trabalho como jornalista foi o que me levou até maior país da América do Sul.

A maior parte do meu trabalho era noticiar a seleção da Nigéria, as Superáguias, atual campeã africana. Além disso, eu pretendia ter experiências novas, viajar pelo país e abrir minha mente para observar o que de diferente eu poderia encontrar ali.

Tendo lido sobre o país e sabendo que é onde se encontra a maior população negra fora da África, esperei encontrar diversos negros durante a viagem.

Eu estava cietne também de que muito da cultura e da música brasileira foram influenciadas pelos africanos que chegaram ao Brasil como escravos séculos atrás. Estes escravos, em sua maioria oriundos da África Ocidental, Central e Meridional, trouxeram consigo muito de seu suingue, presente, por exemplo, no Carnaval e na música até a atualidade.

A cultura brasileira chegou até a África quando alguns dos antigos escravos retornaram para suas terras-natais após a abolição da escravatura. Sua influência pode ser notada na arquitetura e estilo de vida de lugares como a Ilha de Lagos, localizada na capital comercial da Nigéria.

Fiquei a maior de minhas três semanas de estadia numa cidade do interior, Campinas, localizada a 100km de São Paulo. Esta foi a cidade que as Superáguias utilizaram como base durante sua campanha na Copa do Mundo.

Campinas é uma cidade muito ativa, com uma economia sólida e um aeroporto que conecta muitas das principais cidades do Brasil. Eu viajei diversas vezes para cobrir os jogos da seleção da Nigéria, partindo do aeroporto de Viracopos e tendo como destinos Curitiba, Cuiabá, Porto Alegre e Brasília.

Em minhas viagens, quase não encontrei negros em aeroportos nem nos voos, o que me deixou curioso: onde estavam os negros do Brasil?

Nós os vemos na seleção brasileira, nas transmissões do Carnaval, eles são a cara da miscigenação no país mas não estão presentes em aeroportos, em meio à classe média num país conhecido por sua origem diversificada.

Também não vi muitos brasileiros negros jornalistas nos centros de imprensa dos estádios que visitei. Tampouco conheci algum que estivesse trabalhando nos maiores canais de mídia: Globo, SporTV, Band e Folha de São Paulo.

Eu vi uma única mulher negra na capa de uma revista famosa, de braço dado com um homem, branco, que suponho que seja seu cônjuge.

Um artigo no "The Guardian", do Reino Unido, também questiona a ausência de negros nos estádios nas partidas da Copa do Mundo.

No entanto, conheci negros marcantes em Campinas. No Centro Campineiro de Memória Afrobrasileira, vi uma exposição sobre o Candomblé, uma religião com raízes em diversas culturas africanas que tinha nomes familiares como Ogum, Xangô Ijexá, dentre outros. Lá, conheci Sergio Max Almeida Prado e sua equipe, muito solícitos em dividir suas ideias sobre emancipação e sistemas de cotas raciais para redução da desigualdade no Brasil.

Apesar de o idioma trazer algum empecilho, tivemos a colaboração da advogada Milena, que nos ajudou muito ao traduzir toda a conversa.
Babalaô Adegboyega Omo Odoagba
Conheci um nigeriano, Adegboyega Omo Odoagba, babalaô e defensor da cultura africana. Ele vive no Brasil há quase 20 anos e administra a "Adimula Cultural Foundation", uma fundação voltada para preservação e disseminação da arte Yorubá.

“Ir para a Bahia é como estar na África. As pessoas se vestem como Yorubás e falam Yorubá. Elas sempre perguntam sobre nossa cultura e têm curiosidade em conhecer mais", segundo Adegboyega. Infelizmente, não pude visitar o estado da Bahia.

Em meu último dia no Brasil, tive a mais interessante das experiências numa loja de sapatos em Campinas. Quando eu estava saindo da loja, passei por um vendedor negro de meia idade que gentilmente me deu um tapinha no ombro. Foi como um reconhecimento da nossa mesma origem africana, da nossa negritude.


Talvez a melhor parte da viagem tenha sido conhecer a engenheira de computação Camila Fausto da Motta Santos, cujo inglês era muito bom, e que acabou se tornando minha guia virtual. Sempre disponível por Whatsapp para responder dúvidas e dar dicas sobre lugares para se conhecer e o que fazer em cada cidade para onde eu viajava, ela também tentou responder minhas perguntas sobre o que significa ser negro no Brasil.

Encontramos algumas semelhanças em nossa Africanidade, e foi bom fazê-la olhar mais de perto para o nosso velho continente não só como um lugar distante. Ela também mostrou grande interesse em entender sobre a febre do uso do cabelo brasileiro pelas mulheres nigerianas, algo que inicialmente pareceu-lhe estranho.

Juntos, decidimos começar este blog para estimular discussões entre África e Brasil. Podemos estar separados por milhares de quilômetros de oceano, mas a internet é um instrumento perfeito para encurtar esta distância.

Convidamos todos os africanos com experiências relacionadas ao Brasil e brasileiros que conehceram africanos a colaborar com seus pensamentos e opiniões.

Esta é uma forma que temos para conhecer-nos melhor, ainda mais agora que a loucura da Copa do Mundo já terminou.

Bem vindo!

No comments:

Post a Comment